Resolvi fugir de casa para sempre amém.
Acordei e pus a mochila nas costas. Dentro dela, uma lata de ervilhas, uma maçã e um livro. Destino? Não.
Nada importa agora; nem pessoas, nem casa e nem comida. Serei anti social até o pôr do sol. Sei caminhar até o portão de casa. Depois disso, a estrada é completamente desconhecida.
Na cozinha, encontrei minha mãe. - Vou fugir de casa para sempre – disse.
- Quando voltar toque a campainha, meu filho.
No caminho até a porta, perguntei-me qual parte do “para sempre” ela não compreendera. Passei do portão, enfim. A chuva começou. Com ela, os trovões. Com eles, meu medo. Virei-me e hesitei por exatos três segundos em apertar a campainha. Meu lado racional insistia em não fazê-lo, mas como sempre foi vencido pela emoção. Ouvi o barulho do portão sendo destravado e corri imediatamente para os braços de minha mãe.
- Eu estava fugindo para a Terra do Nunca, mãe.
Henrique de Paiva Resende
Quando eu li esse texto, logo de primeira impressão, eu achei engraçado, porque em tudo tento encontrar humor e divertir com o tal. Mas depois que o li novamente, achei de certa forma um pouco triste, porque me vi em alguns pontos, pontos esse que no momento em que faltou coragem no personagem com continuar na sua fuga, falta coragem em mim para correr atrás do que almejo, e isso é triste sim. Ir em busca da Terra do Nunca não é algo impossível, talvez seja, mas aos olhos de quem não sonha ou não sabe sonhar. Cada um tem pra si um tipo de "Terra do Nunca", basta acreditar e ir. É estranho eu falar isso, justo eu que não tenho coragem, mas é a verdade.