quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Querida,



Você vai parti, em breve. Eu consigo ver as pessoas ao seu redor, no ônibus enquanto você parte em direção a uma nova vida. mas eu preciso dizer. Coisas que não se dizem todos os dias, coisas miúdas guardadas na agenda desgastada na última gaveta do criado mudo. Eu poderia começar com um "Eu Te Amo", desses bem sentimentais e barulhentos. Mas não. Eu começo essa carta com um "Eu Te Odeio". Profundamente. Verdadeiramente. Eu te odeio por trazer o inverno para dentro de mim, por entrar na minha vida, bagunçar todos os meus nervos e embaralhar todos os meus pensamentos. Te odeio mais ainda por ter dedos. Cincos dedos. Olha que maravilha! Dedos manhosos que percorre, minha barriga causando um pequeno furacão em meu corpo todo.

Hoje de manhã eu vi as suas malas, ali no nosso canto da cozinha, meus olhos escorregaram para o seu livro favorito. Esse que você lê todos os dias antes de dormir. Foi aí que eu tive a ideia de esconder essa carta. Pra dizer que eu te odeio por me deixar assim, cheia de experiência e vazia de emoção. Levando (eu sei, que isso soara a coisa mais piegas do universo, mas me perdoa, cartas assim não são escritas todos os dias) o meu coração. Levando o que restou de mais precioso em mim , após todas as tempestades.

Mas antes de terminar essas palavras inúteis e cheias de nostalgia de um futuro que nunca aconteceu, eu preciso dizer a verdade, parar com essa mania boba de mentir, de querer de enganar. Eu sei que você sabe. Que você saberá. Que eu, assim, piegamente Je t'adore, assim, em francês mesmo, pra ficar mais brega ainda. Eu te amo e isso dói. Você vai com o verão, e eu fico aqui com o inverno, sem você. Só peço que volte. Com novas flores e cores. Eu espero você. Primavera.

Um comentário:

Gessy disse...

O inverno, para mim, é a melhor parte! Mas a primavera é revigorante, e, às vezes, isso é bom. (:

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